Um portão pode significar para alguém uma proteção, é um elemento que separa algo de dentro de algo de fora, ou ainda subjetivamente falando, um marco de início de uma nova vida, para o mundo lá fora, que venceremos se tivermos um pouco de criatividade.
Quando mamãe fechava o portão de casa, após um dia de atividades, e eu após ter brincado o suficiente, entrava para dentro de casa, tinha certeza que aquele ato de trancar o portão me deixava protegido do universo externo, que era a rua, os ladrões, os monstrinhos que a noite trazia. Enfim fechar o portão de casa me dava segurança. Tudo que era difícil, perigoso e feio ficava lá fora e após fechar o portão, em casa me sentia protegido, e tudo resolvido.
Os especialistas sobre a questão, definem que, toda essa situação fica gravado no nosso subconsciente e acaba formando o superego, os paradigmas, os valores pessoais, os filtros de análise, os traumas...
Um portão representa para todos nós, desde criança, algo que separa dois universos o interno que pode ser a nossa casa, do externo, a rua, os vizinhos.
Porém, se continuarmos a expandir este conceito, o significado de interno poderá ser um convento de freiras, o externo a vida dos profanos, a sociedade.
O mundo interno poderá ser ainda a nossa vida numa faculdade, o externo o nosso primeiro emprego, ou seja, ganhar a vida na sociedade.
Continuando, no mundo empresarial, podemos ainda considerar o lado interno a empresa, ou uma multinacional, e o lado externo deste portão, a realidade de uma vida competitiva e sem recursos, muitos desafios, onde predominam as leis da sobrevivência.
Um vez fora dos portões, na sociedade, no mercado competitivo, faço uma pergunta:
Você já se imaginou sem o seu sobrenome? Ou ainda, ser um desconhecido, sem fama e qualificação nenhuma?
Isso é um fato que eu nunca tinha imaginado, até o dia em que deixei a multinacional como executivo da área de desenvolvimento de produtos, e aventurar-me na carreira solo. Até então eu tinha um sobrenome, era o Jorge, da Empresa X.
Para os que já saíram de uma multinacional, ou de uma grande empresa ou deixou uma atividade que exercia há anos, reflitam e chegarão a esta conclusão. Todos nós temos um sobrenome, a Maria do bolo, a Fátima cabeleireira, o Zé do bar, o Mário do açougue, e assim por diante.
Alguns insistem ainda em dizer: O Jorge que “trabalhava” na Empresa X, perceberam que, a grande diferença está na conjugação do verbo no passado, e sob a ótica empresarial ninguém se interessa por quem “já trabalhou”, a não ser “ouvir” as histórias e experiências profissionais deste veterano.
Dentro dos portões de uma grande empresa, uma multinacional, ou uma montadora, ou uma rede de supermercados, o que quer que seja, estamos sobre um tabuleiro, os departamentos, onde conhecemos as regras do jogo, os procedimentos internos, onde nós somos pedras conhecidas, cargos e funções, rejeitadas ou laureadas, e o mais importante, os riscos são conhecidos, e em alguns casos até batizados e nomeados...relatórios financeiros, status do programa, comitê direcional, .etc
Do lado de fora dos portões, nada daquilo funciona, são filas que você deverá enfrentar, apresentações para platéias desconhecidas, convencer pessoas que você nunca viu, e sem dinheiro e crédito e nem patrocínio para implementar suas idéias.
Tive que pensar e tentar sobreviver, e Deus me equipou de uma qualidade que tive oportunidade de utilizar.
Nos meus 30 anos de atividade na área de desenvolvimento de produtos, em 3 empresas, e residências em 3 países, Alemanha, Inglaterra, e finalmente China, acumulei várias competências, algumas ressaltadas e melhoradas com treinamentos, ou outras impostas pelo mercado competitivo, e aprendidas durante a minha vida corporativa nas indústrias.
Destas qualidades profissionais, ou aquelas que Deus me equipou, uma me assegurou a ganhar um novo sobrenome, a criatividade.
Como a minha atuação na indústria sempre foi na área de pesquisa e desenvolvimento, onde era obrigado a criar novos produtos e melhores, ao sair da multinacional, preservei esta aptidão criativa e iniciei minha vida profissional atuando em outras áreas que não seja somente a dos automóveis. Abandonei também a “cara de executivo”, logicamente, e comecei a trabalhar como “consultor” em desenvolvimento de produtos. Aventurei-me em trabalhar em áreas tais como perfumes, restaurantes, pequenas indústrias de componentes mecânicos ou elétricos, lojas, sabonetes, e muitos outros. Ou seja, continuar exercendo a criatividade.
Voltando ao conceito dos portões, podemos conceituar outra mudança, de dentro e fora dos portões para, passado e presente, ou inércia e movimento, ou, melhor ainda, sair da zona de conforto, para uma luta competitiva.
Deste ambiente da zona de conforto, dentro dos portões, para fora no mundo competitivo, afirmo que, só uma habilidade poderá alavancar uma mudança no indivíduo levando-o para o sucesso, a criatividade, logicamente reforçada por iniciativa, motivação e empreendedorismo, qualidades que são obrigatórias para os que perseguem o sucesso.
Fora dos Portões, afirmo e confirmo que a minha única ferramenta tem sido a criatividade, não é pesada, é possível acioná-la a qualquer momento, se bem aplicada, não machuca e produzirá efeitos que o levarão para o reconhecimento e sucesso.
Estando fora dos portões desde 2003, pretendo nunca retornar e “entrar para dentro”, praticar o ostracismo, e estar na "zona de conforto", aqui fora a caça é melhor e autêntica, porém se alguém abrir as portas de sua Empresa não poderei negar o desafio....e dizer que nunca serei funcionário de ninguém...
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
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