Com as ferramentas o homem conseguiu evoluir fazendo o que não era possível fazer com as mãos, com os meios de transporte o homem conseguiu chegar onde com as pernas era impossível chegar, hoje até voamos... através de aviões. Será que continuaremos a evoluir..? Para onde estamos indo?
Em 1958, a Unesco definia como alfabetizada uma pessoa capaz de ler ou escrever um enunciado simples, relacionado a sua vida diária. Vinte anos depois, a Unesco sugeriu a adoção do conceito de alfabetismo funcional. É considerada alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita para fazer frente às demandas de seu contexto social e de usar essas habilidades para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida. No século 20, no Brasil, as taxas de analfabetismo entre os brasileiros com 15 anos ou mais decresceram de 65% em 1920 para 13% em 2000.
Naquela época as pessoas “letradas” tinham mais chances de conhecer o mundo através da leitura e gozar de oportunidades profissionais melhor que as menos favorecidas analfabetas.
Já nas décadas subseqüentes, compreendida de maneira mais ampla do que o simples acesso ao computador, a Inclusão Digital é um conceito que engloba as novas tecnologias da informação e comunicação, a educação, o protagonismo, possibilitando a construção de uma cidadania criativa e empreendedora. A Inclusão Digital é um meio para promover a melhoria da qualidade de vida, através da compreensão do mundo de maneira rápida, assim como viabilizar ações à distancia, garantir maior liberdade social, possibilitando uma comunicação sem fronteiras e preconceitos, gerar conhecimento e troca de informações criando se novas comunidades do saber..
E mais ainda, o domínio de Tecnologia da Informação, possibilitou nos executar coisas, criar trabalhos automatizados, nasceram os robôs substitutos dos homens na indústria, não somente ler ou acessar informações, mas realizar coisas concretas antes só existentes na imaginação e por fim a criação de uma geração nova com habilidades e pensamentos novos.
Século XXI, falando das pessoas, hoje não classificamos por analfabetas, mas sim excluídas digitais, ou fora do mundo virtual.
E justamente, através da programação na informática e construção de poderosíssimos computadores, receio que criamos um novo mundo, o virtual, constituídos de equipamentos, de teclados, de telas, de velocidades de comunicação eletrônica, da magia da automação e comandos eletrônicos...
É fragrante a mudança sentida no cotidiano, o que antes era um aparelho de 1,70 kg apoiado numa mesa, que possibilitava conversa entre duas pessoas distantes, hoje se tornou um aparelho de 120 gr, que as pessoas carregam nos bolsos, e que contem capacidade de receber e enviar e-mails, tirar retratos, editar planilhas excel, ver televisão e conversar com pessoas olhando para as suas imagens através de um pequeno visor, ou, automóveis que estacionam em vagas na rua, sem a intervenção humana, basta acionar o comando que um pequeno programa de computador estaciona o veículo sozinho.
Não se esqueçam que tudo isso tem transformado as pessoas, gerando modelos de comportamentos e capacitações bem como habilidades condizentes com a realidade eletrônica e virtual.
Toda essa realidade da automação deixou o meu amigo feliz, ele ainda não tem a carta de habilitação para dirigir, e o “park assist” será uma grande solução, para a possível inabilidade que ele iria enfrentar no início. Porém a pergunta que me surpreendeu foi: ...e quando o programa “park assist” der pau?
Respondi, ora é só estacionar no modo manual...!
A geração nova, alguns o chamam de geração Y, não conta mais com as “soluções manuais”, ou seja com a intervenção humana, à força, olhando nos olhos, tocando nos ombros, gritando nos ouvidos, ou ainda embates corporais do “futebol de pelada”...eles se utilizam de comandos eletrônicos, botões, visores, e-mails, soluções binárias,iPhones, iPad, e learning, twitters...
Fisicamente presentes, porém mentalmente mergulhados, controlando, ou ainda comandando tudo dentro de um mundo virtual e eletrônico. Portanto, aqueles que a sociedade classifica como excluídos digitais não “entram” nem “acessam” mais este mundo da computação, da informática e digital (de dois valores 1 ou zero) da linguagem binária.
Quando no filme Matrix, sucesso do século passado, foi abordado o tema polêmico da luta do ser humano, por volta do ano de 2200, contra as máquinas e computadores, chocou os espectadores. Escravizada, a humanidade para se livrar do domínio das máquinas que evoluíram após o advento da Inteligência Artificial, cobriu a luz do Sol para cortar o suprimento de energia das mesmas, mas as máquinas reagiram e adotaram uma solução radical: como cada ser humano produz, em média, 120 volts de energia elétrica, começaram a cultivá-los (os seres humanos) em massa como fonte de energia. Para que o cultivo fosse eficiente, os seres humanos passaram a receber programas de realidade virtual, enquanto seus corpos reais permaneciam mergulhados em habitáculos nos campos de cultivo. Essa realidade virtual, que é um programa de computador ao qual todos são conectados, chamava-se Matrix e simula a humanidade do final do século XX.
Ficção à parte, hoje temos, e já é realidade, soluções comandadas via ponta dos dedos, vejam, não são mais botões...pois as telas são tocadas com as pontas dos dedos, o TOUCH SCREEN.
A grande verdade é que a INTERFACE HOMEM MÁQUINA (IHM) evoluiu demais nos dias de hoje. Isso é conseguido com a criação de softwares de última geração que os programadores desenvolvem utilizando LINGUAGENS DE ALTO NÍVEL, ou seja com altíssimo grau de abstração, sem nenhuma semelhança com os Fortrans, Assembly etc do passado, onde as strings eram números e letras incompreensíveis. Hoje é muito mais fácil criar soluções e softwares, e por conseqüência desenvolver inteligências artificiais.
Assim, digo que a terceira evolução do homem, seguindo as ferramentas e o transporte, são os desenvolvimentos de portais de acessos às soluções e novas realidades. Esses portais nos capacitam e nos oferecem soluções, mercadorias, notícias, entretenimentos, nos ensinam, e muito mais, eventualmente se quisermos podemos até comprar e pagar por aquilo que nos interessa.
Esses portais nos levam à um mundo, conceituado como Mundo Virtual.
Uma ponta desta realidade, primitivamente, foi semeada por John Logie Baird e Philo Farnsworth e Philo Taylor Farnsworth em 1927 com a invenção da televisão, um portal eletrônico que possibilitava, pobre e humildemente, ver e somente ver de casa, cenas de outras realidades muitas vezes acontecidas longe da gente...
Hoje um grande e poderoso portal de entrada para um outro mundo, é a Web, onde os botões da troca de canais foram substituídos por um teclado QWERTY, e em vez de apreciarmos um apresentador no palco, podemos “pesquisar” o que queremos ver no YOUTUBE, ou, ao contrário, se quisermos contribuir, podemos fazer um UP LOAD disponibilizando na WEB a filmagem de nossa festa de aniversário com os amigos e compartilhar com a COMUNIDADE que irá acessar o mesmo YOUTUBE através de seus computadores.
Com portais como o YOUTUBE (existem muitos outros) podemos ver e aparecer para o mundo, estando em casa.
Na outra ponta em algum lugar do mundo, Dimitri, um russo cansado, pois já está trabalhando há horas no desenvolvimento de um componente do seu software, que está elaborando para uma empresa do oriente médio, em seu Home Office, acha por bem relaxar um pouco... navega aleatoriamente nas notícias e artigos do mundo afora, de repente, achou interessante o nome Guará um animal parecido com cachorro ou lobo, tecla em seu PC, a palavra no BROWSER, a janelinha do navegador da internet dos provedores, Google, Bing, Yahoo e Chrome e muitos outros, em questão de segundos aparece a explicação em seu idioma, que Guará é o nome de um lobo
Com os BROWSERS podemos saber sobre quase tudo basta saber procurar, sem sair de casa.
Enquanto Dimitri navegava na internet, entre notícias do dia, twitter, e blogs, a sua esposa Sacha viu aparecer na tela do computador como por milagre a foto de uma bolsa, “do jeito que ela queria”, choramingando e jogando charme no maridão, este não teve outro jeito, senão fazer o pedido de compra no próprio LINK,conexão lógica do software, do Pop Up da ADVERTIZEMENT, ou seja da propaganda, armada estrategicamente.
Com a Web foi criada uma rede de comunicação eletrônica que possibilita o relacionamento de compra e venda sem o consumidor sair de casa.
Mas para Sacha aquela compra da bolsa é um forte motivo para falar com a cunhada, como fazer se é noite fria e está chovendo?
Sacha não perdeu tempo pegou o seu laptop no quarto para acessar o e-mail e contar a boa nova para a Natalia. Mas ao escrever para a cunhada, ao seu lado esquerdo um portal de MSM fica a seu dispor, oferecendo se para a Sacha que a maneira mais completa é conversar no MSM via Webcam enxergando a cunhada na tela do PC... Com isso aquela noite chuvosa não foi empecilho para diminuir a distancia das duas, que ficaram longas horas atualizando o papo.
Com o Messenger as pessoas do mundo todo ficaram acessíveis e comunicáveis, sem necessidade de sair do lugar, independente da distancia e da separação geográfica entre elas.
Lá fora o inverno siberiano tem sido muito rigoroso, porém a mágica da informática sempre tem aberto para Dimitri o portal para mergulhar no seu mundo virtual, ele faz parte de uma classe de pessoas usuárias de computadores que lhes abrem um mundo o qual muitas vezes eles não querem nunca fechar o acesso...
São hábitos, possibilidades, facilidades e recursos que estão ao nosso dispor, entramos nele através de um portal, cujo passe de entrada é uma senha.
Cansado Dimitri já está cochilando sobre a mesa de trabalho, onde está o seu micro e para onde a sua mente foi transportada adentro, minutos atrás, seu último contato com o mundo foi virtual e podemos filosoficamente dizer que ele “entrou” para um mundo virtual, o mundo virtual...para onde todos nós estamos entrando, e de onde talvez não voltaremos.
Fonte RIBEIRO, Vera Masagão. Analfabetismo e alfabetismo funcional no Brasil. Boletim INAF. São Paulo: Instituto Paulo Montenegro, jul.-ago. 2006.
Fonte: Bruno Pires Malaquias O ANALFABETISMO DIGITAL e IBDI
domingo, 4 de julho de 2010
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