sábado, 20 de dezembro de 2008

Comunicação criativa e impactante

O mesmo assunto poderá ser dito de várias maneiras, porém dependendo da forma, vocabulário, entonação e principalmente da criatividade empregada, produzirá vários efeitos ao ouvinte. O resultado poderá ser empatia, negociação e principalmente obediência.

Com meus 56 anos, já tenho alguns cabelos grisalhos e como estava atrasado, quis encurtar o caminho do estacionamento até a entrada do Evento, e estacionei o meu carro numa vaga para idosos.

Nas proximidades estava um senhor que observava atentamente a manobra com o meu carro, e que com cuidado, tentava encaixá-lo na vaga. Entendi que o senhor era o dono do carro que estaria atrás do meu, e que estivesse temeroso que batesse no seu carro. Então ocorreu o seguinte diálogo:

-Aquele carro atrás do meu é seu? Parece que o senhor estava com medo que batesse no seu carro?
-Não, nada disso, sou funcionário deste estacionamento e vi que o senhor estacionou numa vaga de idosos...
Percebi o crachá pendurado em seu pescoço e senti logo a injustiça que cometi, e respondi.
- Pois é não sou tão velho assim, mas tenho um problema no calcanhar e ...
O funcionário não deixou completar a frase.
- Entendo que o senhor não seja tão velho, mas caso seja deficiente deveria usar o selo de credenciamento para a vaga de deficientes no carro.
Desculpei-me e tentei tirar o carro.
Foi quando o funcionário “quebrou o galho” e complementou
-Não precisa tirar. Deixa quieto. Tem mais vagas pra idosos. Fiquei triste que o senhor com este terno tão bem vestido, e com a sua cultura pudesse fazer uma coisa dessas...
Eu fiquei mais triste ainda. Pois a comunicação feita pelo funcionário, com tanto respeito e sábia observação da situação, tocou profundamente o meu ego. Senti-me um lixo da sociedade, escondendo-me atrás de horários e comentários sem fundamento.
Se o funcionário tivesse gritado, como sempre o fazem:
-Ó tio, aí é pra idoso, sê num tá tão velho assim pô! Simplesmente tiraria o veículo da vaga e não me importaria. Pior ainda, talvez caísse na tentação de fazer a mesma coisa outra vez.
Moral é saber o que é correto, Ética é praticá-lo mesmo que ninguém o vigie, e Legalidade é a placa de aviso daquele estacionamento, explicando sobre a vaga.
Admiro o funcionário que fez uso de seu crachá pendurado em seu pescoço, de maneira tão competente.Um pouco de MEL não faz mal a ninguém, só que MEL neste caso é Moral, Ética e Legalidade, que praticados com criatividade ajudarão a formar melhores cidadãos.

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