quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CRIATIVIDADE NA CRISE


Somos pequenos e fracos, enquanto sozinhos, mas o ser humano criou a sociedade, e com ela nos tornamos poderosos, é um fator básico que não devemos esquecer.
Some se a isso perseverança, trabalho em equipe e criatividade que juntos venceremos as crises

Tem empresário que acha que só ele é criativo, e os seus funcionários só tem que obedecê-lo.
Esta é uma triste situação que não engrandece a empresa dele, e acaba com muitas idéias e oportunidades que porventura venham dos seus funcionários.
Senão vejamos, caso seja verdade, que esse dono de empresa seja realmente criativo, se ele considerar que alguns dos seus funcionários também o seja, temos matematicamente:
As idéias do empresário + as idéias dos funcionários.
Ou seja, cresce o volume de idéias dele, somadas com as dos funcionários...
A esse fato dou o nome de reconhecimento e respeito pelas idéias de quem quer contribuir.
Coloco também mais um condimento, o conceito de trabalho em equipe.

E, aprendendo com o passado, sinto ter que rememorar um fato ocorrido com a geração de nossas avós.
Em Agosto de 1945, na cidade de Hiroshima, numa das duas cidades bombardeadas na Segunda Grande Guerra, num piscar de olhos faleceram aproximadamente 130 mil pessoas e outras 80 mil ficaram feridas.
Foi o fim da Segunda Grande Guerra com a rendição japonesa, e a partir daquele instante o Japão teve que reagir, teve que erguer-se das cinzas, limpando os destroços, arrumando os restos, consertando o que foi possível consertarem, e, antes de tudo, criando coisas novas para enfrentar a concorrência mundial.

O desenvolvimento japonês do após guerra atingiu ao auge nos anos 80, quando o Japão chegou a superar os EUA em 25 entre 34 áreas criticas em alta tecnologia, sobretudo em inteligência artificial, óptica, eletrônica, e outros sistemas de engenharia e controle.
Nos anos 80, e início de 90, testemunhei a reação japonesa na indústria automotiva, pois, grande parte de meus 35 anos de vida profissional, tive a chance de atuar numa multinacional alemã, onde aprendemos através de filosofias e disciplinas japonesas como crescer praticando qualidade. Foi o início da filosofia Total Quality Management, gestão da qualidade total. O mundo teve que concordar, e juntos atingimos o estágio de qualidade atual na indústria.

Não é só pelo fenômeno do crescimento econômico e a posição alcançada na criação e desenvolvimento tecnológico que o Japão surpreendeu o mundo, mas como foi atingida, e foi com a sua luta unida, o trabalho em equipe, com determinação e muita criatividade, e finalmente conseguiu harmonizar o tradicional e o moderno, sem abrir mão de sua autenticidade cultural. O país reergueu-se das cinzas.

Esta capacidade criativa e trabalho em equipe, coletivo, é cultivado até os dias de hoje, e cito, por exemplo, o sistema de captação de energia solar das casas da cidade de Ota, onde a produção de eletricidade a partir do sol de cada casa é maior do que o consumo, e os moradores vendem energia, ao preço de US$ 50,00 por mês, para a companhia elétrica pública.

Baseado neste preço de venda da energia, os moradores levariam 30 anos para que recuperem o investimento efetuado nos painéis solares, que custam o equivalente a US$ 20 mil por cada moradia. Porém, neste momento esta matemática financeira não importa, o que importa é que eles, num total de 550 casas conseguiram mais uma vez, com criatividade, vencer a crise de falta de energia elétrica, num país de poucos recursos energéticos, e ainda inverter a situação de falta de energia, para a auto-suficiência.

O mundo reclama da situação financeira ocasionada pelos EUA, porém eu pergunto, será que podemos sair dessa dificuldade praticando um pouco de criatividade nessa crise?

(Pesquisas:vice-ministro das Finanças do Japão Eisuke Sakakibara e
INSTITUTO DE PESQUISA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS, ACS/MRE CAPES,CNPq, FUNAG)

Nenhum comentário: